- Se imagine dentro de um cilindro indestrutível, onde sentisse um grande abraço, confortavelmente protegido. Sentiria claustrofobia e desejo de voar?
- para não enlouquecer, encontre algo que te dê algum propósito na vida, e que obviamente não te enlouqueça.
- Um dia pensei em me matar. Então lembrei que a vida ia se encarregar disso. Desisti.
- a fé é a maior de todas as poesias
- vivenciar o belo e o divino antes de morrer deve ser algo ao alcance de todos. Como sabemos quando isso acontecer? Você irá saber. Seus olhos te entregarão.
- como fazemos perguntas para nós mesmo. Muitas são desnecessárias ou sem respostas. Devemos nos perguntar: estamos fazendo as perguntas certas?
- de ressaca, vendo as nuvens, me lembrei do mar. Deu vontade de mergulhar no céu.
Uma reunião de contos, crônicas e afins. Os nomes dos personagens são fictícios. As notas, nem sempre.
sábado, dezembro 17, 2016
terça-feira, novembro 22, 2016
Joelho
Depois de algum tempo,
A ferida deu sinal que iria cicatrizar.
Como o sol tímido,
Que ameaça escapar
De nuvens cinzas.
Mas até para cicatrizar
há dor.
Lembranças,
Lágrimas.
Fiz o tratamento exato.
Mergulhar no mar,
Mesmo sem saber se iria retornar.
Deixei nas mãos de Iemanjá.
A ferida deu sinal que iria cicatrizar.
Como o sol tímido,
Que ameaça escapar
De nuvens cinzas.
Mas até para cicatrizar
há dor.
Lembranças,
Lágrimas.
Fiz o tratamento exato.
Mergulhar no mar,
Mesmo sem saber se iria retornar.
Deixei nas mãos de Iemanjá.
segunda-feira, outubro 24, 2016
Antes da morte
A maioria das pessoas não tem a chance de reparar os erros antes de qualquer grande sentença, seja ela a prisão ou a indiferença.
Ou a autopunição,
A ausência de perdão,
A completa negação.
Sem chance antes do esquecimento.
Resta a cada um saber se perdoar,
Antes de qualquer perdão.
Após tanto esperar uma segunda chance, se entenda.
Se resolva,
Se perdoe.
Antes da morte.
terça-feira, junho 28, 2016
Ciclo vicioso
Sou péssimo em promessas que me privam do amor, do prazer e das lembranças. Minha consciência me destrói por isso.
Surge a ressaca moral. Tento sobreviver e esquecer. Mas a tarefa nunca é cumprida de forma satisfatória. Acabo repetindo o ciclo: amar de forma cega, errada e ingênua (como se existisse o oposto) e me embriagar na tentativa de esquecer.
Mas a embriaguez só fortalece as memórias que eram para ser esquecidas. No dia seguinte, tudo se renova. Inicialmente com um gosto amargo, sinal de tristeza ou apenas do fígado sendo castigado. Inicialmente com um certo esquecimento da noite anterior.
Noite anterior que vai ficando clara, simultaneamente ao sol que se levanta. E as lembranças vêm à tona, juntamente com as promessas de um dia esquecer a noite anterior, os sentimentos. E tentar viver de forma diferente, "digna e de amor próprio", diriam alguns.
Mas não consigo, simplesmente. E sigo alimentando o que poderia ser um câncer. Me acostumo e acabo gostando desse sofrimento preparado com redução de embriaguez.
Enquanto escrevo, um cão que parece ser filhote chora lá fora. Alguns diriam que sou eu tentando falar com você. Pode ser. Foda-se.
Surge a ressaca moral. Tento sobreviver e esquecer. Mas a tarefa nunca é cumprida de forma satisfatória. Acabo repetindo o ciclo: amar de forma cega, errada e ingênua (como se existisse o oposto) e me embriagar na tentativa de esquecer.
Mas a embriaguez só fortalece as memórias que eram para ser esquecidas. No dia seguinte, tudo se renova. Inicialmente com um gosto amargo, sinal de tristeza ou apenas do fígado sendo castigado. Inicialmente com um certo esquecimento da noite anterior.
Noite anterior que vai ficando clara, simultaneamente ao sol que se levanta. E as lembranças vêm à tona, juntamente com as promessas de um dia esquecer a noite anterior, os sentimentos. E tentar viver de forma diferente, "digna e de amor próprio", diriam alguns.
Mas não consigo, simplesmente. E sigo alimentando o que poderia ser um câncer. Me acostumo e acabo gostando desse sofrimento preparado com redução de embriaguez.
Enquanto escrevo, um cão que parece ser filhote chora lá fora. Alguns diriam que sou eu tentando falar com você. Pode ser. Foda-se.
quinta-feira, abril 28, 2016
Para meu amigo (Za moy drug)
É meu amigo,
Você teve que ir.
Eu tive que ficar,
Ou melhor,
Ninguém teve nada.
Foi opção de quem
Achava que não tinha nada.
Mas que no fim tinha o principal,
Vida, coragem e colhões.
Acho que tive quando joguei tudo para o alto. Vendi o carro e fui viajar.
Voltei sem um puto, feliz e na merda. Mas ainda vivo e cheio de coragem. Quando eu achei que fosse embarcar contigo, surgiu o emprego e resolvi ficar.
Ahh, o emprego, o dinheiro, ou talvez, ainda que, amor. Fiquei. Um dia jogo tudo para o alto e vou viver na praia, igual a ti. Que nenhuma decepção será suficiente para nos tirar a coragem e vontade de viver.
Você teve que ir.
Eu tive que ficar,
Ou melhor,
Ninguém teve nada.
Foi opção de quem
Achava que não tinha nada.
Mas que no fim tinha o principal,
Vida, coragem e colhões.
Acho que tive quando joguei tudo para o alto. Vendi o carro e fui viajar.
Voltei sem um puto, feliz e na merda. Mas ainda vivo e cheio de coragem. Quando eu achei que fosse embarcar contigo, surgiu o emprego e resolvi ficar.
Ahh, o emprego, o dinheiro, ou talvez, ainda que, amor. Fiquei. Um dia jogo tudo para o alto e vou viver na praia, igual a ti. Que nenhuma decepção será suficiente para nos tirar a coragem e vontade de viver.
terça-feira, março 01, 2016
terça-feira, fevereiro 23, 2016
Gosto
estava cansado de não sentir o gosto das coisas.
uma linda comida em minha frente.
sabia que não iria sentir o gosto.
sinusite.
resolvi bater minha cabeça conta a parede.
para liberar secreções e sentir novamente.
o gosto das coisas.
resolveu, em parte.
acordei com o gosto de sangue.
uma linda comida em minha frente.
sabia que não iria sentir o gosto.
sinusite.
resolvi bater minha cabeça conta a parede.
para liberar secreções e sentir novamente.
o gosto das coisas.
resolveu, em parte.
acordei com o gosto de sangue.
sexta-feira, fevereiro 12, 2016
Guerra civil
Invente um novo idioma,
Fale nesse novo idioma para si.
Preste atenção em cada consoante, vogal.
Invente um novo país,
Este país seria você.
Suas células, sua mente,
Seriam seu povo.
Você cresce!
Seus parentes seriam repúblicas.
Autônomas.
Seus eus, semi-autônomas.
Você é uma federação.
Seus amigos seriam aliados.
Não como a otan, bricks, mercosul.
Seriam apenas aliados.
Aliados que podem te ajudar,
Em caso de uma guerra civil em seu país.
Depressão,
Angústia,
Raiva,
Ódio,
Solidão!
Ingredientes de uma guerra civil,
Não?
Tudo nada
Pare,
Por apenas alguns minutos
Pare!
Procure o silêncio,
Feche os olhos,
Prenda a respiração.
Se esvazie!
Sinta o nada,
Sinta o vazio,
Sinta Deus.
Veja a escuridão!
Volte a respirar lentamente,
Ouça sua respiração,
Seu coração batendo.
Seus pelos se arrepiarem.
Os sons voltam lentamente,
A vida que você conhece.
Tussa!
Agora sinta o arrepio,
Aperte o play no cérebro,
Do filme da sua vida.
Volte ao silêncio.
Feche os olhos,
Prenda a respiração.
Se esvazie!
Sinta o nada,
Sinta o vazio,
Sinta Deus.
Durma!
Acordar ou não será apenas consequência.
quinta-feira, fevereiro 11, 2016
Fragmentos
Diante da miséria, não pense macro e nem em mudar o mundo com ideais. Diante da miséria, faça o que tiver que fazer. Seja humano.
***
"Aqui morrer realmente é uma continuação da vida. As pessoas se acostumam a morrer", Sebastião Salgado, em depoimento no documentário 'O Sal da Terra', trecho sobre seu trabalho na Etiópia nos anos 1980.
Salgado explica que segundo a tradição copta (cristão etíope), o corpo deve chegar limpo perante a Deus. "Todos devem ser lavados, apesar da falta de água. Com a morte de cada pessoa, morre um pedaço de todos". Lembrei-me de quando vi pela primeira vez um patente morto, no caso minha avó. Perguntei para o encarregado do velório se era preciso lavar o corpo.
***
A vida pode ser longa como uma girafa, graciosa como o pavão e mutável como o camaleão. Mas também pode ser um elefante, desproporcional, pesada e cinza.
***
Cada trago no conhaque lembrava uma desilusão. Cada trago no cigarro, uma contravenção amorosa.
***
Lembrança e morte são certezas. Incerteza é angústia ou excitação. E tudo isso se chama vida.
***
Depois de tudo, posso olhar para mim e dizer: eu sou real, eu existo.
***
"Aqui morrer realmente é uma continuação da vida. As pessoas se acostumam a morrer", Sebastião Salgado, em depoimento no documentário 'O Sal da Terra', trecho sobre seu trabalho na Etiópia nos anos 1980.
Salgado explica que segundo a tradição copta (cristão etíope), o corpo deve chegar limpo perante a Deus. "Todos devem ser lavados, apesar da falta de água. Com a morte de cada pessoa, morre um pedaço de todos". Lembrei-me de quando vi pela primeira vez um patente morto, no caso minha avó. Perguntei para o encarregado do velório se era preciso lavar o corpo.
***
A vida pode ser longa como uma girafa, graciosa como o pavão e mutável como o camaleão. Mas também pode ser um elefante, desproporcional, pesada e cinza.
***
Cada trago no conhaque lembrava uma desilusão. Cada trago no cigarro, uma contravenção amorosa.
***
Lembrança e morte são certezas. Incerteza é angústia ou excitação. E tudo isso se chama vida.
***
Depois de tudo, posso olhar para mim e dizer: eu sou real, eu existo.
quarta-feira, fevereiro 03, 2016
Tempo perdido
A voz de todos que foram me diz que eu devo seguir, voar,
ser feliz. Eles estarão me vendo de perto, me guiando. Todos que foram e todos
que ainda ficaram, mas que foram de certa forma. Todos eles, quando pensam em
mim, pensam em coisas boas. Não deveria ser diferente. Alguns me encontraram na
hora errada. Eu ainda era uma criança rebelde, e eles tiveram muita paciência
comigo. Eu poderia ter sido melhor com todo mundo, mas ainda era uma criança
rebelde, perdida e revoltosa. Foi tudo programado para acontecer assim? Todo o
sofrimento, dor, desperdício de tempo? Melhor pensar que tudo não é por acaso.
Tudo tem sua razão de ser. Mas e se tivesse sido de outra forma? Essa pergunta,
e poder torná-la realidade, como em uma máquina do tempo, valeria mais do que
qualquer loteria e dinheiro do mundo. E
se eu tivesse tomado outro caminho? E o que falaremos de nossas vidas daqui a
vinte ou trinta anos? Arrependeremos, teremos saudades? Acho que essas são as únicas
certezas. Saudade e arrependimento. Nunca nos daremos por satisfeito. Restará-nos
a saudade de algo que nunca tivemos. E o desejo de inventar uma máquina de
viagem no tempo. Tempo que nunca mais voltará. Tempo perdido.
Espírito de Carnaval
Sempre esperamos,
O ônibus,
O trem,
Dias melhores.
Que nunca vêm.
Um bom emprego,
A pessoa perfeita,
A viagem perfeita,
Qualquer coisa perfeita.
Sempre esperamos
Mais humanidade,
Menos indiferença,
Mais amor,
Menos violência.
Menos violência.
Sempre esperamos,
Ser valorizados,
Não ignorados.
Ao menos lembrados,
Como não fracassados.
Sempre esperamos
Não ser invisíveis.
Ter voz,
Sorrir e chorar.
Chorar de alegria,
Gozar e amar.
Esperamos demais,
Nada aconteceu.
Godot não apareceu,
O brilho se esvaneceu,
O dia se escureceu.
Da quarta nem a cinza sobrou,
Não teve ninguém para se chamar de amor,
O tamborim, em vão, cansou,
E mudo ficou.
A tristeza,
O amor,
De muito tempo ficar,
Criou asas e voou.
Mas antes de partir
Deixou um bilhete,
Dizendo que volta no próximo Carnaval.
terça-feira, fevereiro 02, 2016
about spirits
spirits. what a stupid name for alcohol.
give name for those devils: cognac, bourbon,
vodka, rakija, tequila, gin, run, whiskey.
spirit is what you get after dealing with these demons in bottle.
or even what you can lose
give name for those devils: cognac, bourbon,
vodka, rakija, tequila, gin, run, whiskey.
spirit is what you get after dealing with these demons in bottle.
or even what you can lose
terça-feira, janeiro 26, 2016
Longe
Longe do longe,
Ponte distante
Para atravessar.
Caminhos longos,
Estrada sem fim,
Sem ter a certeza
Do que alcançar.
Nada mais restará
A não ser histórias,
Apenas.
sábado, janeiro 09, 2016
Rôlê na Rural
Eu gosto destes aplicativos de transporte. Você pede um
carro e vem o número da placa, o que me dá várias ideias de milhares no jogo do
bicho. Parei de dirigir há um tempo, e desde que uso esses aplicativos, há uns
dois anos, já ganhei no bicho três vezes, quantias não tão relevantes. Mas
ganhei, é o que importa.
Mas antes de chamar o carro pelo aplicativo do celular, eu
estava nessa Rural maluca, com gente maluca e que parecia o filme da Família
Buscapé. Estavam todos loucos, bêbados, fumando maconha e fomos pegar um cara
no aeroporto que estava muito sóbrio, coitado. Íamos fazendo muito barulho pelo
trajeto, acionando uma buzina que parecia um pato rouco. Não usávamos cintos de
segurança e o motorista fechava todos os outros carros, praguejava e acionava
sua buzina pato rouco.
Os malucos da Rural eram pai, filho e tio. Eu fui convidado
pelo pai, que estava muito emocionado com a visita do filho. Pela primeira vez eles
se encontravam naquela cidade onde o pai morava há quase três anos.
O ano só estava começando e o clima de confraternização
ainda estava no ar. Inclusive as ressacas, que eram muito bem rebatidas com
doses de vodka e cervejas geladas, além da comida mexicana feita pelo filho do
meu amigo.
Depois das conversas em grupo sobre as festas de fim de ano,
todos participaram de um único papo: armas. Muitos calibres, nomes de armas,
histórias de assaltos e como cada um conseguiu reagir. Achei inicialmente que
alguns da mesa fossem policiais, mas não. Pareciam ser pessoas que gostavam de
armas e falavam que adorariam matar criminosos. Eu gosto de armas, mas nunca
tive uma e nunca reagi a assalto, na verdade nunca fui assaltado. Geralmente
ficava amigo de assaltantes ou assaltantes em potencial e nunca precisei de uma
arma, realmente. Mas gosto de falar sobre armas e o assunto fluiu.
O tio estava mais para um redneck amante de armas, motos,
jipes, e o sobrinho só compartilhava o gosto pela pólvora, motos e acumulação
de experiências, mas estava longe do discurso sanguinário de uma senhora, por
exemplo, que repetia sem parar que gostaria muito de matar algum bandido, que
bandido bom era bandido morto, que carregava arma no carro, na bolsa, no sutiã,
na vagina, sei lá aonde.
Achei por bem mudar de assunto e perguntei para o tio sobre
a Rural estacionada do lado de fora da casa. Tio e sobrinho haviam viajado uns
mil e quinhentos quilômetros neste carro dos anos 60, que estava muito
conservado. A missão deles era desmontar uma grande árvore de natal que havia
sido instalada em um shopping da cidade, e de quebra o sobrinho visitaria o
pai, meu amigo.
O sóbrio, que ajudaria na desmontagem da árvore, havia
acabado de chegar no aeroporto. Fui então fazer esse passeio maluco na Rural,
com pai, filho e tio. O carro em ziguezague, a buzina pato rouco, o baseado.
Tio e sobrinho disputando o som... Um queria ouvir Creedence, o outro reggae ou
rap. Um cinquentão, o outro com seus vinte anos.
Parecia ser uma missão impossível chegar ao aeroporto, um
trajeto de dez quilômetros, mais ou menos. Facilmente achamos o sóbrio, quer
dizer, ele nos achou. Era impossível não achar aquele carro dos anos 60 com
quatro malucos dentro.
O clima de loucura continuou no trajeto de volta, exceto
pelo recém-chegado que ficou sem entender o motivo de tudo aquilo, afinal a
missão era desmontar a merda de uma árvore de natal e ele viajara apenas para
isso.
Chegamos na casa temporária dos malucos da Rural e, em
solidariedade, decidimos embebedar o sóbrio. Ficar no meio de bêbados estando
sóbrio é um castigo cruel. Depois de algumas cervas, eles lembraram da árvore
de natal e decidiram vê-lá. Lá, descobriram que só poderiam desmontá-la no dia
seguinte, o que não foi uma má ideia, já que estavam todos bêbados.
Voltaram e decidimos prolongar a bebedeira em um bar, que no
fim pareceu ser uma ideia ruim, já que estava fechando e a música era uma
porcaria. Ficamos pouco tempo, nos despedimos e eu chamei um carro pelo
aplicativo do celular. Gravei o número da placa novamente para jogar amanhã.
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