terça-feira, junho 28, 2016

Ciclo vicioso

Sou péssimo em promessas que me privam do amor, do prazer e das lembranças. Minha consciência me destrói por isso.

Surge a ressaca moral. Tento sobreviver e esquecer. Mas a tarefa nunca é cumprida de forma satisfatória. Acabo repetindo o ciclo: amar de forma cega, errada e ingênua (como se existisse o oposto) e me embriagar na tentativa de esquecer.

Mas a embriaguez só fortalece as memórias que eram para ser esquecidas. No dia seguinte, tudo se renova. Inicialmente com um gosto amargo, sinal de tristeza ou apenas do fígado sendo castigado. Inicialmente com um certo esquecimento da noite anterior.

Noite anterior que vai ficando clara, simultaneamente ao sol que se levanta. E as lembranças vêm à tona, juntamente com as promessas de um dia esquecer a noite anterior, os sentimentos. E tentar viver de forma diferente, "digna e de amor próprio", diriam alguns.

Mas não consigo, simplesmente. E sigo alimentando o que poderia ser um câncer. Me acostumo e acabo gostando desse sofrimento preparado com redução de embriaguez.

Enquanto escrevo, um cão que parece ser filhote chora lá fora. Alguns diriam que sou eu tentando falar com você. Pode ser. Foda-se.