quarta-feira, novembro 18, 2020

Cidade dos vivos-mortos


Perguntei o porquê daquelas sepulturas tão próximas das casas, da cidade, do centro. Era como se não houvesse cemitério, ou a cidade inteira era um cemitério. 

Viajando pelo país. De dentro do ônibus, cidade após cidade, túmulos e mais túmulos. Falar sobre tudo aquilo era tabu. 

O silêncio das covas era mais barulhento do que o silêncio de quem ficou naquele país, ou dos nativos que se refugiaram na Alemanha, na Suécia...

Viajando pelo país, de dentro do ônibus, cidade após cidade, via casas vazias com placa de 'aluga-se' ou de 'vende-se'. Casas de quem fugiu da morte.

E o motorista do ônibus a me explicar. "Depois da guerra, não tinha emprego para os sobreviventes. Quem era mais ou menos bom, foi para o estrangeiro. O resto continua a viajar pelo país; motorista e passageiro".

O alto-falante da mesquita está chamando a todos para a terceira reza do dia.

terça-feira, novembro 17, 2020

Combo triplo

Atualmente, neste mundo atual de hoje em dia, o poeta deveria ter três fígados. Sem batatas, pra viagem.

quarta-feira, novembro 11, 2020

O céu e o mar

Pensar que as nuvens daqui estavam tão longe. O céu testemunhou tantas coisas. 

E você está a chorar. As lágrimas dos seus olhos eram chuva há quilômetros de distância. O Sol se pôs para ti, mas insistiu em nascer noutro lugar. 

A Lua iluminou nossa tristeza, e tornou a vir de várias formas. As mares a refletiu,  testemunharam nosso renascer. 

E você ainda está a chorar um grão de areia perdido no fundo do oceano. 

O Sol já voltou e insiste em brilhar para você. Olhe para o alto. Mas não fique cego.