Antes de acontecer, eu me perguntava como seria o barulho. Agudo,
assustador? Pareceria o som de um contêiner de lixo sendo fechado,
abruptamente, por algum catador de lixo, enraivecido por não ter encontrado
nada de valor?
O som foi grave, estrondoso, seguido de gritos e pedidos de ajuda
ao céu. Na sequência, veio o barulho de sirene da ambulância. Passado pouco
mais de uma hora, via-se o silêncio da luz vermelha giratória, que iluminava a noite e a poça de sangue a escorrer pela calçada. Um lençol branco cobria o corpo. Das várias janelas do prédio, as pessoas tentavam
entender.
No dia seguinte, o barulho do corpo ao cair no chão e os
gritos de aflição deram lugar aos cochichos da vizinhança. Puxaram todo o
histórico do infeliz. Diziam que "não era boa pessoa, que não trabalhava e
que andava com um pessoal estranho. Mas era tão jovem, tinha todo um futuro
pela frente...".