domingo, junho 28, 2020

Barulhos e cochichos



Antes de acontecer, eu me perguntava como seria o barulho. Agudo, assustador? Pareceria o som de um contêiner de lixo sendo fechado, abruptamente, por algum catador de lixo, enraivecido por não ter encontrado nada de valor?

O som foi grave, estrondoso, seguido de gritos e pedidos de ajuda ao céu. Na sequência, veio o barulho de sirene da ambulância. Passado pouco mais de uma hora, via-se o silêncio da luz vermelha giratória, que iluminava a noite e a poça de sangue a escorrer pela calçada. Um lençol branco cobria o corpo. Das várias janelas do prédio, as pessoas tentavam entender.

No dia seguinte, o barulho do corpo ao cair no chão e os gritos de aflição deram lugar aos cochichos da vizinhança. Puxaram todo o histórico do infeliz. Diziam que "não era boa pessoa, que não trabalhava e que andava com um pessoal estranho. Mas era tão jovem, tinha todo um futuro pela frente...".  

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