terça-feira, janeiro 12, 2021

Dilacerados e moribundos

O que define o tardio momento do levante? O acordar? O cansei da injustiça, seja qual ela for? 

O que define a mordaça, o subjulgar e a relação de poder é claro. Domínio psicológico, social e financeiro. Perda de entes queridos, privação do essencial à sobrevivência humana.

Liberdade é a cereja do bolo. Antes dela, há o fundamental: manter-se vivo. Ou apenas viver para garantir a sobrevivência de alguém que você considera mais precioso do que você. Isso é a demonstração máxima de amor.

Por que a reação ao máximo estado de opressão demora tanto? Por colocar em risco a vida de quem consideramos mais precioso do que nós? Por sermos subjulgados ao ponto de perdermos quase todas as forças?

O que falar das revoltas de escravos, seja na África ou nas Américas? Ou dos judeus que revidaram em Varsóvia?

Há um limiar, em que viramos "suicidas" e abrimos mão de tudo? Pelo o quê? Dignidade? Nada mais a perder além dela? Vingança, revolta? Não morrer como um rato, talvez?

O levante dos dilacerados e moribundos ainda são os mais respeitáveis de toda a história. Eles tiram forças de onde nenhuma outra pessoa, exército ou país jamais tirariam, ainda que tardiamente. Ainda que de forma fracassada.

Estratégia bélica é o que menos  importa. Não há controle sobre isso. A eles, algum alento. O doce e revoltoso gosto de falar: eu existo! 

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