segunda-feira, abril 01, 2024

Ser pai custa caro

A recente paternidade me aprontou mais uma. Desde o nascimento da Martina, também conhecida como Minduim e Tininha, sair de casa se resume a idas ao pediatra ou ao trajeto trabalho-casa.

No primeiro dia de visita dos avós paternos de Tininha, peguei o carro do meu velho e sai sozinho. Nada de churrasco ou barzinho com os amigos.

Fui a um lugar onde minha ausência não seria tema de julgamento, claro.

Onde? O supermercado. E não foi para comprar cigarros.

Nunca imaginei que fazer compras seria um lazer, e sim necessidade. Em teoria, era uma breve saída para comprar três ou quatro itens de higiene. Ainda assim, insisti em ir de carro, com a desculpa de que no mercado mais longe seria tudo mais barato.

Fazia tempo que não dirigia o carro do meu pai, e pensar nisso me deixou 25 anos mais jovem. Fui aproveitando cada acelerada e sentindo o ar condicionado na cara, dirigindo a 30km/h para aproveitar mais o momento.

Entrei no atacadão e fiquei hipnotizado. Andar empurrando um carrinho, ver vários produtos e comparar preços nunca foi tão prazeroso. 

Para deixar o momento ainda mais tesudo, abri o freezer de cerveja e peguei uma longneck cara, acho que belga, e fui mandando pra dentro.

Creio que passei por todas as sessões e prateleiras do mercado, tirando fotos dos preços atrativos e enviando as imagens a amigos e familiares, me sentindo um mensageiro de boas-novas.

Passamos a dar valor às pequenas coisas quando deixamos de vivenciá-las, já diria qualquer filósofo das redes sociais.

O problema foi que as pequenas coisas se tornaram grandes e caras. Dos quatro itens que eu tinha de comprar, acabei enchendo um carrinho, sob o pretexto de que os preços estavam bons.

Tive de passar dois cartões para pagar a conta. Nunca fui tão generoso no mercado. Realmente, a paternidade custa caro.

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