quinta-feira, fevereiro 11, 2016

Fragmentos

Diante da miséria, não pense macro e nem em mudar o mundo com ideais. Diante da miséria, faça o que tiver que fazer. Seja humano.

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"Aqui morrer realmente é uma continuação da vida. As pessoas se acostumam a morrer", Sebastião Salgado, em depoimento no documentário 'O Sal da Terra', trecho sobre seu trabalho na Etiópia nos anos 1980.

Salgado explica que segundo a tradição copta (cristão etíope), o corpo deve chegar limpo perante a Deus. "Todos devem ser lavados, apesar da falta de água. Com a morte de cada pessoa, morre um pedaço de todos". Lembrei-me de quando vi pela primeira vez um patente morto, no caso minha avó. Perguntei para o encarregado do velório se era preciso lavar o corpo.

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A vida pode ser longa como uma girafa, graciosa como o pavão e mutável como o camaleão. Mas também pode ser um elefante, desproporcional, pesada e cinza.

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Cada trago no conhaque lembrava uma desilusão. Cada trago no cigarro, uma contravenção amorosa.

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Lembrança e morte são certezas. Incerteza é angústia ou excitação. E tudo isso se chama vida.

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Depois de tudo, posso olhar para mim e dizer: eu sou real, eu existo.

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